A COP30 no Brasil é, possivelmente, a última grande oportunidade de impedir o colapso climático. A ciência é categórica: só evitaremos o pior se o aquecimento global ficar no limite de 1,5°C e se adotarmos um plano imediato de redução de gases de efeito estufa. É o alerta que recolho em Belém – ainda é possível, mas o tempo é curto.
Há boas notícias: a Agência Internacional de Energia diz que as energias limpas avançam em ritmo histórico, impulsionadas, sobretudo, pelo BRICS — China, Índia e Brasil. A China, grande poluidora global, pela primeira vez estabilizou a emissão de carbono e ampliou em 46% a energia solar, e em 11% a eólica. Índia e Brasil também jogam peso na transição energética. Mas com o negacionista Donald Trump, os Estados Unidos, outro grande poluidor, abandonam o Acordo de Paris e rejeitam qualquer compromisso ambiental.
É o mesmo negacionismo que, no Rio Grande do Sul, fazia líderes empresariais ainda tratarem o aquecimento global como exagero até que, em 2024, a maior enchente da história devastou famílias, cidades e economias. A tragédia os calou.
Mas ainda causa indignação ver a extrema direita tentar desqualificar a COP30 e reduzir um debate global essencial a uma disputa política rasteira. Acreditam que, se a COP for um sucesso, Lula ganha pontos — por isso, atacam o evento. Burrice fatal: se a COP fracassar, o planeta inteiro perde, inclusive eles, os negacionistas.
Mas, há esperança: nesta COP, 101 países já se comprometeram em apresentar as suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) — metas para reduzir emissões e financiar a transição energética. Não é pouco: representa 71% das emissões globais. Um avanço significativo, mas insuficiente.
O Brasil tem mostrado: é possível avançar. Lula reduziu desmatamento, queimadas e emissões de poluentes. E tem usado sua voz para outro alerta decisivo: a transição só será sustentável se for justa e apoiar trabalhadores, comunidades e países que ainda dependem de setores poluentes. Significa reconhecer que a crise climática — além de destruir — empobrece mais quem já é pobre.
A COP30 deve produzir, portanto, respostas ambientais, mas também sociais. Trata-se, afinal, da dignidade humana. O planeta está nos chamando e seu clamor levou 56 mil participantes de 193 países à COP na Amazônia. Lá, muitos creem que Tupã, entidade espiritual indígena, é o criador do mundo e ordenador dos ciclos da vida.
Pois, que a COP de Tupã nos ilumine.
Publicado originalmente em Brasil 247

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