Por Elvino Bohn Gass – Líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados

A máquina de maldades do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro continua a funcionar a todo vapor contra o povo brasileiro, enquanto os milionários e bilionários enriquecem cada vez mais sem nem se ruborizarem com a miséria e o empobrecimento da população que se alastram por todos os rincões do país. O governo é tão insensível ao sofrimento do povo que acaba de ignorar os 2,3 milhões de pessoas que estão no Cadastro Único pedindo para entrar no Bolsa Família.

O contingente de pessoas à espera de alguma ajuda oficial aumenta por conta da inexistência de uma política econômica que gere empregos e renda. O desprezo a esses 2,3 milhões de pessoas ocorre num momento em que Bolsonaro acena com promessas de pagar R$ 300 do seu “Auxílio Brasil”. Segundo a imprensa, 844.372 dos pedidos para ingressar no benefício são do Nordeste, 834.564 do Sudeste, 247.885 do Norte, 205.941 do Sul e 138.503 do Centro-Oeste.

O governador do Piauí, Welligton Dias (PT), evidencia a dramaticidade da situação. “Não se trata de um número: são milhões de pessoas passando fome”. Exatamente 2.271.265 famílias brasileiras enquadradas nos critérios do Bolsa Família são simplesmente ignoradas pelo governo. Além de não aceitar os novos pedidos, Bolsonaro cortou 48.116 beneficiários no Nordeste e 13.014 no Norte entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021.

Um presidente que um dia chamou o benefício de “bolsa miséria” não tem compaixão com o povo, mas age para beneficiar sempre os donos do capital e colegas de farda

É o pão do dia a dia sendo sonegado num país em que os grandes do agronegócio dizem que sua atividade é pop, mas não falam que boa parte de sua produção alimenta porcos no exterior enquanto nosso povo passa fome.

Um presidente que um dia chamou o benefício de “bolsa miséria” não tem compaixão com o povo brasileiro, mas age para beneficiar sempre os donos do capital e colegas de farda, promovidos às dezenas para a patente de marechal.

Sua competência restringe-se à criação de privilégios para alguns poucos e gerar miséria e sofrimento para a imensa maioria da população brasileira. Levantamento do UOL, com dados do CadÚnico, mostra que o governo jogou pelo menos 2 milhões de famílias na extrema pobreza em dois anos e meio de mandato.

Ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma, Tereza Campello lembra que o PT defende a atualização do valor do Bolsa Família, mas o atual governo, demagogicamente, fala em turbinar o benefício. Só que isso nunca se realiza. O desafio é atualizar o valor congelado.

A grande questão é que em 2014 o país tinha a menor taxa de desemprego da história, tinha saído do Mapa da Fome. Na comparação com o montante pago no último ano do governo Dilma, de R$ 165,33, o novo benefício comprará os mesmos 47% da cesta básica de alimentos que os beneficiários já conseguiam adquirir em 2016.

Graças ao modelo inaugurado pelo golpista Michel Temer e aprofundado por Bolsonaro, o quadro social e econômico tornou-se gravíssimo. São cerca de 21 milhões de brasileiros desempregados, se for considerado que há 15 milhões sem emprego e outros 6 milhões que sequer procuram por uma vaga laboral pois sabem que não vão encontrar, em razão da política recessiva do atual governo. Há mais de 30 milhões que estão subempregados.

Nesse cenário, o mais grave é que o governo Bolsonaro, com o tal Auxílio Brasil, irá promover a “maior exclusão da história da proteção social”. Medida Provisória enviada ao Congresso, além de revogar o Bolsa Família, também acaba com o auxílio emergencial. Ou seja, milhões de pessoas ficarão desassistidas em meio à crise sanitária e econômica. Calcula-se 22 milhões a menos do atual contingente de 39 milhões de beneficiários do auxílio emergencial. Em abril de 2020, eram 68 milhões de brasileiros atendidas na emergência.

São números. Mas números que revelam pessoas, seres humanos, brasileiros e brasileiras. E o que eles mostram é que o atual governo, corrupto, genocida e anti-nacional é, também, antipopular.

A saída é o impeachment, já.

Publicado originalmente na edição número 30 da revista Focus da Fundação Perseu Abramo

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