Publicado originalmente na edição 25 da revista Focus da Fundação Perseu Abramo
Neste 31 de agosto, completam-se cinco anos da efetivação do golpe político, midiático e judicial contra a presidenta Dilma Rousseff. Com uma justificativa sórdida de que teria havido “pedalada fiscal”, afastou-se uma presidenta legítima e íntegra para possibilitar a destruição de direitos da população, num movimento que retirou, ilegalmente, Lula das eleições de 2018 e permitiu a eleição de um perverso que aprofundou o modelo antinacional e antipopular inaugurado pelo golpista Michel Temer.
Em cinco anos, o Brasil retrocedeu um século em termos de direitos sociais e trabalhistas. Os golpistas fardados e civis que agem como na República Velha transformaram rapidamente o Brasil em país periférico e, agora, em motivo de piada mundial. Os retrocessos abarcam um leque que vai da entrega do pré-sal aos estrangeiros, privatizações a preço de banana, até a destruição brutal da floresta amazônica e de outros biomas, cuja biodiversidade tem valor inestimável. Além do estímulo à intolerância, à ação de milícias armadas e aniquilamento da Constituição.
O desemprego e subemprego atingem mais de 40 milhões de brasileiros, a fome voltou, com mais de 100 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Pesquisas indicam que 44% das pessoas já não estão comendo carne, e 41% já não consomem mais frutas. 61 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza no Brasil e quase 20 milhões na extrema pobreza.
Governo demolidor do futuro
O golpe levou ao poder um governo demolidor do futuro. Um desastre que o povo sente no bolso. O preço da gasolina explodiu – saltou de R$ 2,80 na época de Dilma para R$ 7,00, o gás de cozinha subiu de R$ 40,00 para mais de R$100,00, os preços dos alimentos estão nas alturas, os salários congelados empobrecem a classe média e os trabalhadores. Os lucros da Petrobras foram para a estratosfera, pois uma empresa criada para contribuir com o desenvolvimento nacional está nas mãos de abutres que dolarizaram a gestão e agem para atender exclusivamente aos interesses de acionistas privados.
Lula e Dilma criaram a política de valorização do salário mínimo, com reajuste pelo índice da inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB. Nos cinco do pós-golpe, o reajuste foi só pela inflação. Ou seja, não houve ganho real. Congelado, os assalariados compram menos, a economia não gira.
O golpe cínico, autoritário e conservador abriu caminho para cortes de direitos, mas foi além. Estudo recente da UFMG revela que nos últimos 5 anos o Brasil rumou a passos largos para o passado, aumentando as exportações de bens primários e diminuindo as exportações de produtos industrializados.
Brasil, a roça do mundo
A participação dos primários na pauta aumentou de 37,2% em 2016 para 44,3% em 2020. A dos produtos de média e alta tecnologia caiu de 20,2% para 14,2% e de 5,2% para 3,1%. Que futuro tem um país que abre mão de seu parque industrial para virar exportador de grãos e minérios sem agregar renda local?
Nós, do PT, lutamos muito contra o golpe, pois Dilma Rousseff foi eleita legitimamente e não cometeu nenhum crime. O golpe foi um crime contra a democracia e uma profunda injustiça. Foi um embuste para devolver às elites endinheiradas do País o controle pleno do Estado. As reformas mentirosas e que assaltam direitos nesses cinco anos comprovam o porquê do assalto ao Estado pelas elites que, historicamente, nunca distribuíram renda e sempre subjugaram a massa trabalhadora aos seus interesses.
Dilma representava a resistência de um governo que insistia em usar o poder presidencial a favor do povo. Povo esse que, hoje, engrossa as filas do desemprego e voltou a viver na miséria.
Desde que o poder mudou de mãos no Brasil, o que se vê é um estreitamento da participação social, um retrocesso político, humanitário, cultural, democrático. O projeto do governo Bolsonaro é de tornar o país atrasado, radicalizado, com uma elite rica e privilegiada. Até o momento, esse modelo desastroso tem sido implementado.
Em 2022, o povo brasileiro poderá dizer não a esse modelo predatório, elitista e subalterno aos interesses estrangeiros. Lula vem aí.
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