Por Elvino Bohn Gass (PT/RS)*

A corrupção no Brasil aumentou, e muito, com Jair Bolsonaro na Presidência. A roubalheira no governo dele vem sendo revelada aos borbotões. Mas, herdeiro que é das piores práticas da ditadura, sempre que é flagrado em algum malfeito ou pego na mentira, ele lança mão de expedientes tão violentos quanto arcaicos, como a tentativa de desqualificação do denunciante, a distorção leviana dos fatos ou a decretação de sigilo.

Nada novo no front. O desmando e a covardia sempre tomam o lugar da legalidade e da transparência quando tiranos alcançam o poder.

Acontece que o nível de corrupção neste governo extrapolou.

A roubalheira, os escândalos e as mamatas estão vindo à tona numa proporção tão grande que nem mesmo o mais fanático dos bolsonaristas tem conseguido responder. Senão, vejamos: rachadinhas, compra de mansões, cheques inexplicáveis para a primeira-dama, multiplicação suspeita do patrimônio da família presidencial, candidaturas laranja, contratação de obras  com empresas de milicianos sem licitação, cumplicidade com o contrabando de madeira da Amazônia, cobrança de propina e atraso na compra de vacinas, orçamento secreto e farra de emendas parlamentares, líderes aliados com dinheiro nas cuecas, exigência de quilos de ouro em troca da liberação de verbas da Educação, aquisição de kits-robótica com ágio para escolas sem internet, concorrências com participação de firmas de fachada…

‘Brasil de Bolsonaro tem 19 milhões de pessoas com fome, 34 milhões vivendo com apenas um salário mínimo e mais de 12 milhões de desempregados’, diz Bohn Gass

E mais: superfaturamento de ônibus escolares, tráfico de influência, repasses polpudos para ONGs de prateleira, participação e financiamento de atos antidemocráticos, nomeação e pagamento de salários para produtores e disseminadores de fake news, acusações sem provas ao sistema eleitoral, manutenção de milícia digital, ofensa, perseguição, calúnia e ataque a qualquer um que divirja ou critique o governo. 

A este verdadeiro show de horrores da locupletação, acrescente-se a mamata. Ou alguém consegue dar outro nome para o uso de verbas públicas na compra de salmão, filé mignon, botox, próteses penianas, gel lubrificante e Viagra para a cúpula das Forças Armadas? 

O fato é que diante da lista das maracutaias já reveladas, não resta dúvida: o discurso eleitoral de Bolsonaro, de que acabaria com a mamata e faria um governo sem corrupção era inteiramente mentiroso. Quem dera sirva, também, para acordar no povo a percepção de que todo o resto de sua fala é igualmente enganosa. E que, desde o princípio, a inclusão de palavras de conotação meio sagrada, como Deus, família e Pátria em seu discurso, tinha um único e sórdido objetivo: enganar tantos incautos quantos fossem necessários para criar a ideia de um “mito” e, levá-lo ao poder. 

Mas, se as provas de que estamos sendo governados por um corrupto mentiroso não forem suficientes para sacudir a letargia mental de quem ainda crê no falso mito, talvez seja necessário, também, evidenciar o resultado prático de seu governo: o Brasil de Bolsonaro é um país com 19 milhões de pessoas passando fome, 34 milhões vivendo com apenas um salário mínimo e mais de 12 milhões de desempregados.

Sem falar dos outros tantos milhões que ainda vivem em luto pela perda de mais de 662 mil vítimas da pandemia de Covid-19. Sim, foi nisso que deu eleger um mentiroso, ladrão, genocida e incapaz. 

*Publicado originalmente em Brasil 247

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