Por Elvino Bohn Gass (PT/RS)*
A corrupção no Brasil aumentou, e muito, com Jair Bolsonaro na Presidência. A roubalheira no governo dele vem sendo revelada aos borbotões. Mas, herdeiro que é das piores práticas da ditadura, sempre que é flagrado em algum malfeito ou pego na mentira, ele lança mão de expedientes tão violentos quanto arcaicos, como a tentativa de desqualificação do denunciante, a distorção leviana dos fatos ou a decretação de sigilo.
Nada novo no front. O desmando e a covardia sempre tomam o lugar da legalidade e da transparência quando tiranos alcançam o poder.
Acontece que o nível de corrupção neste governo extrapolou.
A roubalheira, os escândalos e as mamatas estão vindo à tona numa proporção tão grande que nem mesmo o mais fanático dos bolsonaristas tem conseguido responder. Senão, vejamos: rachadinhas, compra de mansões, cheques inexplicáveis para a primeira-dama, multiplicação suspeita do patrimônio da família presidencial, candidaturas laranja, contratação de obras com empresas de milicianos sem licitação, cumplicidade com o contrabando de madeira da Amazônia, cobrança de propina e atraso na compra de vacinas, orçamento secreto e farra de emendas parlamentares, líderes aliados com dinheiro nas cuecas, exigência de quilos de ouro em troca da liberação de verbas da Educação, aquisição de kits-robótica com ágio para escolas sem internet, concorrências com participação de firmas de fachada…
E mais: superfaturamento de ônibus escolares, tráfico de influência, repasses polpudos para ONGs de prateleira, participação e financiamento de atos antidemocráticos, nomeação e pagamento de salários para produtores e disseminadores de fake news, acusações sem provas ao sistema eleitoral, manutenção de milícia digital, ofensa, perseguição, calúnia e ataque a qualquer um que divirja ou critique o governo.
A este verdadeiro show de horrores da locupletação, acrescente-se a mamata. Ou alguém consegue dar outro nome para o uso de verbas públicas na compra de salmão, filé mignon, botox, próteses penianas, gel lubrificante e Viagra para a cúpula das Forças Armadas?
O fato é que diante da lista das maracutaias já reveladas, não resta dúvida: o discurso eleitoral de Bolsonaro, de que acabaria com a mamata e faria um governo sem corrupção era inteiramente mentiroso. Quem dera sirva, também, para acordar no povo a percepção de que todo o resto de sua fala é igualmente enganosa. E que, desde o princípio, a inclusão de palavras de conotação meio sagrada, como Deus, família e Pátria em seu discurso, tinha um único e sórdido objetivo: enganar tantos incautos quantos fossem necessários para criar a ideia de um “mito” e, levá-lo ao poder.
Mas, se as provas de que estamos sendo governados por um corrupto mentiroso não forem suficientes para sacudir a letargia mental de quem ainda crê no falso mito, talvez seja necessário, também, evidenciar o resultado prático de seu governo: o Brasil de Bolsonaro é um país com 19 milhões de pessoas passando fome, 34 milhões vivendo com apenas um salário mínimo e mais de 12 milhões de desempregados.
Sem falar dos outros tantos milhões que ainda vivem em luto pela perda de mais de 662 mil vítimas da pandemia de Covid-19. Sim, foi nisso que deu eleger um mentiroso, ladrão, genocida e incapaz.
*Publicado originalmente em Brasil 247
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