O novo líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), afirmou hoje (23) que entre os pontos prioritários da atuação da bancada ao longo deste ano está a luta contra a fome e a miséria no País e pelo restabelecimento pleno dos direitos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A farsa da Lava Jato, a injusta condenação de Lula e o golpe que tirou o PT do poder é que fizeram a fome e a miséria voltar”, denunciou. “Então, contar a história verdadeira, restabelecer a justiça e devolver a dignidade ao nosso povo são as tarefas para as quais quero que a minha liderança contribua”.
Bohn Gass assumiu o cargo hoje, no lugar de Enio Verri (PT-PR), que foi líder da Bancada do PT do final de 2019 até agora.
Impeachment de Bolsonaro
Em discurso no plenário da Câmara, Bohn Gass insistiu que o PT defende o impeachment do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, a retomada imediata do auxílio emergencial, a vacinação contra a Covid-19 de toda a população brasileira e o reforço do papel das estatais no desenvolvimento nacional. Citou também a ampliação do Bolsa Família, a retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida, a defesa do meio ambiente e da soberania nacional, a taxação das grandes fortunas e a implementação de um Plano De Reconstrução Nacional, proposta formulada pelo Partido dos Trabalhadores.
“Enquanto houver um irmão, ou uma irmã passando fome, todo o povo brasileiro pode ter a certeza: o PT estará lutando para que isso não mais aconteça”, disse. “O PT nasceu para lutar pela dignidade humana. Por comida na mesa, teto para morar, trabalho para gerar renda, e acesso à educação e à saúde pública.
O novo líder do PT assinalou que o partido defende a retomada do auxílio emergencial, mas rebateu a PEC Emergencial (PEC 186/2019), que cria mecanismos de ajuste fiscal para União, estados e municípios, com profundos cortes nos investimentos em saúde e educação, além de acabar com a obrigatoriedade de reajuste do valor do salário mínimo. Informou que o partido será contra PEC se o governo, para garantir uns poucos meses de auxílio emergencial, incluir na proposta o corte permanente de investimentos em saúde e educação.
Governo da indignidade
Elvino Bohn Gass disse que o governo Bolsonaro “é sinônimo de indignidade”, daí a posição pelo impeachment do capitão-presidente. “Este é um governo que transforma nosso alimento de cada dia em veneno”, acusou ele, destacando que em apenas dois anos Bolsonaro liberou 907 novos registros de agrotóxicos, muito mais do que em sete anos de governos anteriores.
Desastre ambiental
O desastre ambiental em curso também foi ressaltado pelo parlamentar gaúcho. “Em dois anos de Bolsonaro, a Amazônia perdeu 18 mil quilômetros quadrados de florestas, chocando o mundo e colocando o Brasil entre os grandes sabotadores do Acordo do Clima. Vale lembrar: no governo Lula, o desmatamento foi reduzido de quase 25 mil quilômetros quadrados em 2003 para 6 mil quilômetros quadrados em 2011.”
Acusou Bolsonaro de destruir a Funai e atuar de forma indigente em relação aos direitos dos povos indígenas. Informou que 60% das terras indígenas foram devastadas por focos de incêndios, que aumentaram 38% de 2019 para 2020. “Sim, nós queremos impeachment de Bolsonaro, porque este é um governo contra a vida. Vida, aliás, que nunca esteve tão vulnerável no Brasil”, assinalou.
Em relação à incompetência do governo do capitão-presidente no combate à pandemia de Covid-19, denunciou Bolsonaro por continuar estimulando práticas contrárias à proteção sanitária, “quando recomenda e gasta dinheiro público com remédios que não funcionam, em vez de garantir compra de vacinas para imunizar pelos menos 70% da população.”
Crueldade contra o povo
“E vida que se perde quando o governo, por deliberada crueldade, ou por absoluta incompetência, esculhamba, desorganiza e atrasa o Programa Nacional de Vacinação”, afirmou o novo líder do PT. De cada 100 brasileiros, nem três foram vacinados contra a Covid, enquanto alguns países, como Israel, já vacinaram 50% da população.
“Não podemos esperar que meio milhão de brasileiros morram, para só então entender que Bolsonaro, Pazuello, Mourão, Guedes e essa turma toda que está no poder são os maiores responsáveis, senão por todas as mortes diretamente, por grande parte delas, que ocorrem pela incompetência e pelo negacionismo deste governo”, acusou o líder petista.
Coragem
Em seu discurso, lembrou que a ex-presidenta Dilma Rousseff, derrubada pelo golpe de 2016, citava a frase de Guimarães Rosa de que “O que a vida quer da gente é coragem.” Assim, disse Bohn Gass, esse é o compromisso que assume como novo líder da Bancada do PT, com 52 parlamentares.
“Coragem para inverter a lógica autoritária e mesquinha desse País, que faz os pobres cada vez mais pobres, enquanto a elite endinheirada fica cada vez mais rica. Coragem para dizer: é preciso taxar as grandes fortunas! É preciso reduzir o imposto indireto que incide sobre o consumo e cobrar mais do lucro. Coragem para tomar posição em defesa da função social da Petrobras, da Eletrobras, dos Correios e de todas as estatais, que hoje estão sendo esquartejadas e vendidas”, sublinhou Bohn Gass.
Acrescentou que é preciso também coragem “para exigir a retomada da agenda de desenvolvimento presente nos governos do PT, que investiram na Petrobras e descobriram as imensas reservas de petróleo do pré-sal, que investiram na construção de refinarias e tornaram possível a autossuficiência na produção de derivados, agora ameaçados de destruição por Bolsonaro.”
Gasolina só para ricos
Criticou a dolarização dos preços de combustíveis pela direção da Petrobrás frisando que o povo brasileiro não tem condições de pagar mais de 5 reais pelo litro de gasolina e 100 reais pelo gás de cozinha “só para que os acionistas privados da Petrobras aumentem seus lucros”.
Ele recordou que nos governos Lula e Dilma, o PT provou ser possível construir um País com empregos, renda, combatendo a histórica fome que assolou milhões de brasileiros durante séculos. “Em 2001, a fome matava 300 crianças brasileiras por dia! E o Brasil que comia, não enxergava o Brasil faminto. Ressaltou que, com o PT, o Brasil saiu do Mapa da Fome, mas agora o espectro da tragédia ronda de novo o povo brasileiro com o governo Bolsonaro.
PT quitou a dívida externa
Quando o PT assumiu, em 2003, o povo estava desiludido, o desemprego era desenfreado e o País refém dos ditames do FMI. O PT quitou a dívida com o FMI, acumulou reservas de mais de US$ 360 bilhões, garantiu acesso dos pobres à Universidade. “Mas, 5 anos depois, olhem como estamos. Conforme o IBGE, terminamos 2020 com 32 milhões de brasileiros desempregados, subutilizados e desalentados. A cesta básica custa 60% do salário mínimo. As bolsas de estudo estão sendo cortadas. O governo é incapaz de organizar medidas de enfrentamento à crise econômica potencializada pela Covid-19”, disse Bohn Gass.
“Direitos foram retirados, a renda foi reduzida, mas os investidores não vieram”, comentou o parlamentar. “Ao contrário, a inflação voltou a amedrontar. E, de novo, a inflação do povão é até três vezes maior que a dos ricos. Enquanto isso, o presidente anda de jet-ski, ataca a democracia, repete asneiras, agride a imprensa e não aponta uma solução para a crise”.
“Foi para isso que deram o golpe? Repito: foi para isso que deram o golpe?”, indagou Bohn Gass.
Ele afirmou que o PT sabe que o samba da Mangueira estava certo quando dizia: “não existe Messias de arma na mão.” Segundo Bohn Gass, os petistas têm nitidez de que os golpistas tentaram destruir o partido, mas não conseguiram. “E nós estamos aqui. Para reconstruir o Brasil. Porque nossa bandeira carrega uma estrela. A estrela da esperança. A estrela da coragem.”
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