Há muito tempo, desde que eu trabalhava com meus pais na lavoura, aprendi a importância de se ter um ambiente equilibrado que fosse capaz de produzir bons e saudáveis alimentos. Sabia, desde lá, que venenos, fossem chamados de defensivos, pesticidas ou agrotóxicos, tinham potencial nocivo à vida e que comida limpa era aquela produzida sem substâncias químicas estranhas ao processo de crescimento natural das culturas.

Já no primeiro mandato como deputado estadual, nos anos 90, defini a preservação ambiental como linha prioritária de trabalho.

Fui autor do primeiro projeto do Brasil que tratou do uso da transgenia na agricultura. Preocupava-me com a incerteza científica sobre os efeitos da tecnologia no ambiente e nos seres humanos; a dependência (técnica e econômica) que seria imposta aos agricultores, e o patenteamento genético combinado com estratégias de lucro empresarial. Cheguei a ser acusado de obscurantismo por levantar essas questões à época, mas, tudo o que nosso projeto apresentava como justificativa para que se tivesse muito cuidado com a nova tecnologia, se confirmou.

Em relação aos agrotóxicos, sempre mantive a mesma postura: precaução científica. Todo produto ou prática que, comprovadamente, causasse mal ao ambiente ou às pessoas, deveria ser prontamente rejeitado.

É por isso que subscrevo o projeto que lei que tenta implantar, no Brasil, o PNaRA – Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos.

E é por isso, também, que tenho denunciado, permanentemente, a forma irresponsável como o governo Bolsonaro vem liberando novos agrotóxicos no país – em três anos de governo bolsonarista, mais de 1.500 novos agrotóxicos foram autorizados!

Com esse histórico em defesa da vida, eu não poderia ter outra posição senão votar CONTRA o Pacote do Veneno, infelizmente aprovado neste mês de fevereiro de 2022 na Câmara dos Deputados.

Considero o projeto irresponsável e potencialmente destruidor, significando um atentado à vida natural do Brasil. Do ponto de vista do trâmite de liberação de novos venenos, o projeto flexibiliza a análise e repassa para o Ministério da Agricultura (onde o interesse pela liberação sofre as maiores pressões políticas da bancada ruralista) a palavra final, o que é um erro gravíssimo e só confirma que o governo Bolsonaro está a serviço da parcela do agronegócio exportador de monocultura que se desenvolve à base de veneno.

Também considero “cínica” a manobra da bancada ruralista da Câmara (o projeto ainda não foi votado no Senado) que inclui no projeto a troca da denominação de “agrotóxico” para “pesticida”. Trata-se de uma evidente tentativa de enganar a população retirando a expressão “tóxico” da palavra, apenas para que o potencial envenenador da substância seja escondido e se torne mais palatável à opinião pública.
Alguns dos produtos liberados pelo governo já são proibidos em vários países por serem, comprovadamente, causadores de câncer, deformações genéticas e outras patologias igualmente graves, que podem levar à morte.

E, mesmo do ponto de vista do interesse econômico, o projeto é burro, já que há um crescente movimento mundial de consumidores que estão, cada vez mais, rejeitando alimentos cultivados com agrotóxicos.

Por tudo isso. Por ser contra a vida. Veneno, não!

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2 Responses

  1. O Brasil atualmente é um pais onde o governo da mais valor a alguem do exercito para falar sobre COVID do que um medico infectologista.
    Por outra sobre agrotóxicos a linha não é muito diferente. Triste !t

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