Acompanho de perto a tensa a situação em Tramandaí, onde dezenas de estudantes do Campus Litoral Norte da UFRGS ocupam, neste momento, a antiga colônia de férias da universidade naquele município.

A ocupação é pacífica e busca chamar a atenção para um problema social grave: a falta de moradia para estudantes que não têm renda para pagar os altos custos de aluguéis na região.

A Reitoria obteve a reintegração de posse do imóvel para o sábado (11), mas um recurso dos estudantes no TRF-4 conseguiu prorrogar o ato para amanhã, segunda-feira (13).

Neste final de semana, fui até a ocupação conversar com os estudantes. O relato deles é o seguinte:

O Conselho Universitário deliberou que a gestão da antiga colônia de férias deveria ficar a cargo do Campus Litoral Norte, que teria melhores condições de diálogo com os interesses da comunidade local. Mas a gestão do reitor Carlos André Bulhões – considerada interventora pelos estudantes por ele ter sido o terceiro colocado na lista tríplice e, mesmo assim, indicado por Bolsonaro – contrariou o Conselho e transformou a antiga colônia em um Centro de Inovação Tecnológica. Assim, a gestão foi transferida para a pró-reitoria de Inovação e Relações Institucionais que, segundo os estudantes, desconsiderou a reivindicação por moradia.

O movimento estudantil diz não ter contrariedade em relação à criação do Centro de Inovação, desde que seja respeitado o caráter público da universidade. Contudo, a criação de uma Casa do Estudante que atenda alunos do Campus Litoral Norte e do Ceclimar é uma demanda antiga e nunca suprida. Sem ter onde morar, universitários acabam desistindo de estudar. O índice de evasão na região é altíssimo.

Nosso mandato entende que a simples retirada dos estudantes do local, sem o atendimento de suas demandas – tão antigas quanto justas – só resolve a questão do ponto de vista meramente patrimonial da universidade, deixando em segundo plano o que deveria ser prioritário: a falta de moradia dos estudantes.

Penso que o Conselho Universitário se posicionou corretamente ao aprovar a conversão da colônia de férias em residência estudantil. Afinal, de que adianta uma Centro de Inovação sem alunos?

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